sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Uma noite africana em Montreal


De muitas coisas boas pode-se falar do fato de morar em Montreal. Uma delas, sem dúvida, é a tal de "multiculturalidade" que muita gente (às vezes sem nem saber que raio que é isso) fala. Porque é mesmo um baita privilégio estar em uma cidade onde você tromba com gente de TODA A ESPÉCIE. Vê-se “de um tudo”! Tem judeu (dos tradicionalíssimos, de preto dos pés à cabeça, essa coberta por lindos chapéus e, no caso dos homens, com cachinhos laterais), chinês, italiano, português, romeno, sul-americano, árabe e, claro, africano. (Diz uma piadinha interna que em Montreal só não se vê mesmo é canadense!). Exageros à parte, cada cultura traz na bagagm sua graça e sua "esquisitice"! Todo mundo dando seu próprio tempero ao grande caldeirão.

Tudo isso para introduzir minha nova - e grata - descoberta: Maria de Barros, uma cantora simpática da nova geração de Cabo Verde. Assiti ao seu show, no Festival Nuits d'Afrique, aqui em Montreal, em uma deliciosa noite há alguns meses. Estava um pouco reticente, já que nunca tinha a escutado antes. Mas esperançosa já que conhecia algumas boas revelações da nova safra da ilha africana.

Quando Maria entrou no palco, assustei! Um vestido laranja-cheguei, cheeeeeeeeeeeeeio de babados. UII! Mas ao dar seus primeiros passos seguindo o ritmo da música e a cadência do seu gingado eram tamanhos que até a cor viva do vestido foi ofuscada. E ao soltar a bela voz e encher a sala, quem ligava pro figurino over ???

Maria foi cantando em francês, depois conversou com a platéia em inglês, fez uma piadinha em espanhol e em seguida lançou uma vibrante koladera (ritmo cabo-verdiano) em português. Ou seja: falou com cada um do público e, claro, conquistou todo ele. Mais para frente, a linda negra de cabelos longos e traços finos colocou todo mundo para dançar na frente do palco - e estava montada uma bela festa. Aos poucos, eu e meus colegas de mesa, mais reservados, estávamos sorrindo e arriscando uns refrões e batucando na mesa. Um pouco mais de mojito e eu estaria me divertindo com passos esquisitos no meio da pista, c-e-r-t-e-z-a!

Maria nos conquistou: pela voz, pela graça e simpatia, pela malemolência e espontaneidade tão raras pros lados de cá. Pelo português claro e curioso do seu país - vale ler as letras só pelas pérola lingüísticas, uma ode à coloquialidade! E seu CD Morabeza, uma delícia de música e viagem.



Segue abaixo vídeo dela na noite em que a assitimos, já sem o vestido laraja, mas ainda CHEIO de babados! OK, ela pode..! ; )

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