quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A francesinha americana

(Reproduzo aqui matéria minha que saiu na revista STILO (Belo Horizonte) de outubro. Valeu Letícia! : )




Surpreenda-se e delicie-se com o que a charmosa Montreal tem a oferecer


Lá está ela: pequena (para nossos padrões continentais), pulsante e estilosa, às margens do bom e velho rio São Lourenço e aos pés do monte que deu origem a seu nome, o Mont-Royal, uma montanha linda e viva bem no coração da cidade.

“Moderna” não é exatamente um adjetivo que define completamente Montreal, ao contrário do que muitos podem pensar, já que se trata de uma metrópole de um país de primeiro mundo. Porque ela vai além disso, mescla passado e futuro em cada curva e os harmoniza com muito charme. A “francesinha americana” – apelido que carrega por ser a segunda maior cidade francófona do mundo, atrás apenas de Paris - tem hotéis, lojas e serviços dignos do terceiro milênio mas com um toque “retrô” e um ar às vezes até provinciano apaixonantes. Basta saber encontrá-los em meio ao agito e à badalação que rola durante as quatro estações.


Os seus cerca de três milhões de habitantes, grande parte deste número proveniente dos mais diversos países dos quatro cantos do globo, são uma das características mais marcantes para quem chega por essas bandas. Judeus, árabes, latinos, americanos, asiáticos e até uma grande leva de portugueses já fazem parte do cenário e do DNA desta cidade, tida como multicultural como poucas. E todos, por incrível que pareça, vivendo em total harmonia. O segredo? Atribui-se ao respeito, palavra de ordem e atitude inerente a qualquer – bom – montréalais (como é chamado o habitante da cidade). Mais do que isso, há uma admiração e curiosidade entre as diferentes culturas: grego comendo em restaurante italiano, japonês em queijarias, franceses aprendendo salsa, latinos em casas de comida árabe, etc. Uma mistura fascinante!


Uma das influências de tantas culturas se vê, claro, à mesa. A capital gastronômica do Québec não decepciona nem mesmo os paladares mais exigentes, dos mais variados gostos, estilos e bolsos. Sua lista de restaurantes é extensa e a comida é sabidamente um dos maiores passatempos dos moradores, que podem numa mesma semana bater uma feijoada em um restaurante brasileiro, comer um belo risoto ao som da Tarantella no bairro italiano Petit Italie, degustar um frango na brasa em um dos animados restaurantes portugueses, provar pratos franceses incríveis nos vários bistrôs do badalado bairro Plateau Mont-Royal, experimentar combinações exóticas da gastronomia vietnamita e, finalmente, desfrutar de uma boa carne numa casa 100% québécois. Sem, claro, esquecer de pedir a poutine, uma batata frita banhada com molho de carne e com queijo branco derretido por cima – prato típico e marca registrada da culinária de Montreal. Para provar uma sem erro: vá ao La Banquise Resto, especialista no prato, que fica aberto 24 horas).


Mas se você é mais do tipo de bebericar, badalar, ver e ser visto, a lista de opções está longe de decepcionar. Fazendo jus à sua fama de boêmia, a nossa Paris americana tem desde inúmeros bares descontraídos a lounges modernérrimo, ao som de música boa na companhia de gente bonita circulando. A Rua Crescent, o Boulevard Saint Laurent ou a Avenida Mont-Royal têm boas alternativas. (O descolado Newtown, bar de ex-piloto de Fórmula Um Jacques Villeneuve, um dos filhos famosos de Montreal e o Bar Baldwin são algumas boas pedidas.)


Passada a ressaca, a dica é sair para um passeio diurno: comece pelo Velho Porto, área antiga da cidade, com construções charmosas e artistas por toda parte, entretendo de forma simpática e criativa os turistas que transitam pelas ruelas. Depois, siga para a rua Saint Denis e confira seus bistrôs, coffee shops e lojinhas de toda sorte. Se der, entre na rua Fairmount para pegar um bagel quentinho ( Fairmount Bagel, no número 74) ou na Avenida Laurier para comer um doce na Pâtisserie de Gascogne. Valem a desviada e as calorias.


Depois, a sugestão é ir rumo ao parque Mont-Royal, lindo e cheio de vida em qualquer época do ano – seja com estudantes das universidades jogando vôlei nas areias ou famílias patinando no lago congelado. Por fim, passe na Rua Sainte Catherine, veia mais agitada do centro, com diversos shoppings e galerias subterrâneas ligadas aos metrôs – para ninguém ter que colocar o nariz pra fora quando o frio doído, de menos 30 graus, bater. Por isso, se o assunto é compras, a Sainte Catherine é o lugar. Não perca a La Baie, tradicional loja de departamentos e curta seus oito andares de puro consumismo!


O cenário cultural é outro destaque de Montreal, famosa por seus bons espetáculos, exposições, suas inúmeras igrejas, pelos festivais (de cinema, de arte, de comida e, claro, o de Jazz, maior deste gênero no mundo, com shows de graça acontecendo em cada esquina. Imperdível.). Mas nada mais genuinamente nativo – e excitante - do que o Cirque du Soleil, grupo nascido nas ruas da velha cidade e que tomou conta do mundo com sua arte e malabarismos estonteantes. Um dos maiores orgulhos dos moradores – e, para quem está longe, um bom jeito de viajar para Montreal por, pelo menos, duas boas horinhas.



Mas a diversão não pára por aí: ainda tem o Cassino, boas exposições em vários museus, o belo Jardim Botânico, o Estádio Olímpico. Só não pegue o avião de volta pra casa sem ter ido ao mercado Jean Talon (ou o Atwater) para ver de perto o que a cidade tem de mais autêntico: suas raízes francesas, que se traduzem em padarias cheias de baguetes frescas, queijarias, vinhos de todo tipo e muita gente informal e elegante circulando. Uma atmosfera perfumada, colorida e mesmo assim, tranqüila. Um bom exemplo da verdadeira sensação de joie de vivre (alegria de viver) de quem visita ou mora na bela Montreal.







Um comentário:

Pipe & Renatinha disse...

Amiga,
que artigo gostoso. Traduz muito bem chez nous. Chega a dar uma estranha saudadezinha gostosa. Onde estiver e em qualquer tempo vou ler este artigo e me sentir presente. Adorei e quero colocar no meu blog!
Parabéns, vc tem a manha!
Bjoca